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O final do ano representa um final de ciclo e com ele um turbilhão de sentimentos despertam as mais diversas emoções. Ansiedade e tristeza se misturam ao sentimento solidário e de amor

Star Abstract Decoration Lights, Gold Sparkles, Shine Blurred Background.

Com a chegada do fim do ano, inconscientemente é estimulado um sentimento de recolhimento e introspecção, que levam a análises e reflexões, como um reflexo de um processo de retrospectiva. O final do ano representa um final de ciclo e com ele um turbilhão de sentimentos despertam as mais diversas emoções.

A psicóloga e psicopedagoga Milene Christianne Rampim da Rosa comenta que “inevitavelmente fazemos um movimento psicológico de transitar no tempo: passeamos no passado, paramos no nosso presente e alçamos voo em desejos e expectativas do que esperamos para o nosso futuro. Esta época marcada pelo Natal e Ano Novo favorece o desenvolvimento de uma maior sensibilidade, fazendo aflorar comportamentos mais empáticos, assertivos, solidários e até altruístas. Porém, muitos manifestam, também, fragilidades como sensações de incompletude e culpa, desânimos, tristeza pela saudade de entes queridos que partiram, angústias advindas de frustrações e sentimentos de impotência, entre outros.”

New Year concept - Tindakon Gazang Beach on a Sunny Day Kudat Sabah Malaysia

Por isso, ela aconselha a cada um ficar mais atento aos próprios sentimentos, a alguns estados específicos, no qual nos encontramos muitas vezes sem perceber, mas que podem intensificar tendências à ansiedade, euforia e até depressão, por exemplo.

“Em contrapartida, nos deparamos com o início de um novo ano e a ideia de crenças de prosperidade e de possibilidades de mudanças, para melhor. Um recomeço, uma recarga motivacional nos renova trazendo esperanças, desafios, novas chances de aprendizado e de reforma íntima. Aproveitemos então desse momento de confraternizações, exercitando nosso amor e humildade, sendo gratos por cada vivência e convivência e sendo resilientes, conscientes da lição aprendida em cada dificuldade superada”, conclui Milene.

Fonte: https://www.folhadecampolargo.com.br/noticias/geral/final-de-ano-e-um-turbilhao-de-emocoes-43793

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Fourth of July fireworks display.Nem todo mundo tem a oportunidade ou gostar de celebrar o Natal com a família reunida, em volta da mesa farta e com crianças correndo pela casa vestindo gorros de Papai Noel. Por outro lado, qualquer um, querendo ou não, se sente cercado pela data: nas redes sociais, no rádio, na televisão, nas conversas e pelas ruas decoradas e iluminadas.

Apesar do hábito de classificar como depressão a tristeza que muitos sentem nessa época, o sentimento não caracteriza, necessariamente, uma depressão, que é um quadro patológico. Sem encontrar sentido nas coisas que o circundam, o deprimido apresenta vários sintomas emocionais e físicos: sentimento de culpa sem razão aparente, falta de vontade de socialização, perda ou ganho de peso, distúrbios do sono, raciocínio lento, melancolia, perda de apetite, dores no corpo e na cabeça são alguns deles.

“Alguém está deprimido quando apresenta esta ‘baixa’ no humor por, no mínimo, duas semanas ininterruptas, passando por momentos de tristeza, irritabilidade e ausência completa de qualquer prazer”, afirma a psicóloga Juliana Teixeira Fiquer, pesquisadora e pós-doutoranda do Laboratório de Psicopatologia e Terapêutica Psiquiátrica do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

“Quem fica efetivamente deprimido no final do ano é porque já carrega consigo um histórico parecido”, diz a especialista. O verdadeiro paciente clínico chega a acreditar que aquelas pessoas felizes com o gorro de Papai Noel, na televisão, é que deram certo na vida, enquanto ele é um fracassado.

O que representam as festas de final de ano?final de ano1

Este é um período que simboliza encerramento, conclusão e, como todo fim, gera tristezas: “O que provoca essa sensação é uma mistura de melancolia com frustração, pela revisão do que se passou [ou teria de ter se passado], alegrias e as expectativas sobre o que virá com o ano novo”, diz a psicóloga Maria Isabel Lima Hamud.

Entenda, portanto, que estar triste é normal, e não um sinônimo de depressão (e que não ter vontade de participar do Natal não é raro). “É difícil pensar que alguém desenvolverá um quadro depressivo apenas em função das festas de fim de ano”, diz Maria Isabel.

Obrigação de celebrar

Pessoas presenteiam para estarem presentes na vida de quem os recebe. “Ter de presentear ou ir a festas só para obter reconhecimento social, numa determinada época do ano, é fator gerador de grande sensação de impotência, principalmente quando a pessoa não pode (porque não tem condições financeiras) ou não tem vontade de presentear”, diz o analista, psicólogo e conselheiro do Conselho Federal de Psicologia, Henrique Rodrigues. De forma geral, a obrigação de celebrar e comprar é o que causa raiva e angústia.

Mas, às vezes, o ano foi pesado e na hora da retrospectiva a tristeza surge. O pesar pela morte de um ente querido, a perda de um emprego, uma separação ou doença podem significar grandes mudanças na vida – uma realidade que não se consegue afastar, por mais feliz e próxima do ideal que seja a reunião familiar. “Tais fatos corroboram e intensificam esse sentimento de tristeza e maior introspecção, comum nesta época”, diz Isabel.

Segundo ela, essa tristeza não deve ser escondida e não há motivo para prevenir a melancolia de final de ano. “Ela pode ser muito bem-vinda quando nos propicia momentos de reflexão sobre nossas escolhas que, normalmente, não temos em outras oportunidades cotidianas”.

Depressão ou não?

Young woman sitting by a beach at sunset in winterPara Juliana Teixeira Fiquer, no final de ano ocorre um “curto-circuito”: “Ao mesmo tempo em que nos é passada a ideia de que o consumismo vai nos realizar como pessoas, nos completar e fazer um Natal mais feliz, somos também convocados a repensar nossas vidas; olhar para trás e ver que há vazios”.

E o fato é que a vida de ninguém é perfeita. Logo, se nessa hora se instalar, por definitivo, uma depressão, o jeito será procurar ajuda médica para combatê-la. Também é recomendado que, paralelamente, a pessoa faça sessões de psicoterapia. Porém, se for apenas uma tristeza passageira, não se preocupe com ela. Ficar triste faz parte da vida e não há nada de patológico em não se identificar com as festas de final de ano.

Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2012/12/20/desanimo-de-final-de-ano.htm

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escolha4Culpar o outro por algo de errado que você fez ou que não deu certo pode parecer confortável, mas essa atitude pode ser uma forma de esconder limitações e dificuldades. Algumas pessoas culpam outras pelo que acontece em suas vidas, geralmente acontecimentos negativos, tirando de si a responsabilidade de suas próprias atitudes.

“A culpa é um sentimento aflitivo que diz respeito a nós próprios, isto é, ao nosso interior. Ela surge quando cometemos alguma ação ou mesmo quando pensamos ou desejamos algo que é contrário às normas da sociedade ou da comunidade em que vivemos”

Câmara explica que culpas o outro por alguma falta que consideramos ter sido cometida contra nós próprios é ressentimento. Então, se a culpa é um sentimento que atribuímos às nossas próprias ações, o ressentimento consiste em culparmos outra pessoa por ter nos prejudicado por meio das ações dela. O ressentido vai levar a pessoa a colocar-se na posição de vítima e consiste em um padrão: todos os acontecimentos que consideramos negativos atribuímos, imediatamente, aos outros, sem a mínima reflexão.

“Esse padrão é aprendido durante a infância, a partir de uma educação na qual os pais (ou cuidadores) da criança não buscam responsabilizá-la por algo, como por exemplo, uma nota baixa, apressando-se a brigarem com a escola e professores. Também pode ser imitado a partir da própria maneira como os pais e a família resolvem seus problemas interpessoais. Pode se tornar um traço de caráter difícil de ser modificado na vida adulta”, analisa.

Culpabilização e projeção

escolhaExistem várias teorias dentro da psicologia que explicam a culpabilidade, ou seja, colocar a culpa no outro. Uma delas é a impossibilidade de a pessoa reconhecer seu papel nos acontecimentos da vida, já que isto implica um enfrentamento psíquico.

“As experiências que temos nos causam, no mínimo, consequências psíquicas como sentimentos e pensamentos. Assim, reconhecer o que se passa consigo mesmo exige do sujeito estratégias de apropriação e de enfrentamento, das quais alguns sujeitos carecem mais que outros”, esclarece Carolina de Barros Falcão, psicóloga, psicanalista e professora adjunta do Curso de Graduação em Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Ela complementa que existem diferenças entre situações ocasionais e situações sistemáticas nas quais este processo ocorre, o que nos ajuda a pensar acerca da extensão e da intensidade desta carência de recursos psíquicos nas pessoas.

Tiago Ravanello, psicólogo e professor do curso de psicologia da UFMS (Universidade Federal do Matro Grosso do Sul) diz que culpas o outro pode se tratar de reconhecer muito indiretamente naquela pessoa as deficiências e desejos que não queremos em nós mesmos, sem que tenhamos que enfrentar de forma mais trágica esse traço de alienação que nos é próprio. “Em outros casos, deparar-se consigo mesmo torna-se impossível em algum momento, de tal modo que projetar o que somos em alguém e fazê-lo assumir a nossa intencionalidade, mesmo que apenas fantasiosamente, pode ser um passo anterior ao reconhecimento do que nos move”.

Segundo Ravanello, algumas pessoas escolhem um determinado grupo ou traço distintivo de algo ou alguém como motivo de ódio ou perseguição, como se ter este “inimigo íntimo” fosse necessário para dar um suporte externo a tudo aquilo que se tornar insuportável em nossa própria experiência.

Human resources conceptCasos em que os limites psicológicos entre o eu e outro tornam-se movediços e, por consequência, temos não apenas a culpabilização do outro, mas também sentimentos de invasão e dominação de nossas ações por terceiros, é uma situação mais radical do problema.

Problemas de relacionamento e outras consequências

Câmara esclarece que, em termos de saúde mental, o ressentimento paralisa qualquer possibilidade de mudança: uma vez que é o outro que tem culpa pelo meu sofrimento, nada devo fazer para resolvê-lo senão esperar que esse outro contra o qual acuso resolva minha situação. “O filósofo alemão Friederich Nietzsche dizia que o ressentimento é um veneno, querendo dizer com isso que é algo que adoece e enfraquece as pessoas. No lugar de tornar-se agente de sua própria vida, isto é, de ser ativo e de agir para mudar seu destino, o indivíduo encontra-se em estado de passividade e imobilidade”.

Para o psicanalista, as consequências dessa postura não se restringem apenas ao campo mental, mas também ao físico. Não é raro, por exemplo, observar sujeitos culpam os profissionais de saúde pelo insucesso do tratamento de uma doença quando, em um olhar mais atento, não seguiram as prescrições.

“Neste processo de colocar para fora o que produz dor ou sofrimento, o sujeito instala-se numa posição passiva e, com isso, muitas vezes fica preso numa posição queixosa e acusatória, pois vê a si mesmo como aquele que ‘paga inocentemente’ por algo que ocorre”, analisa Falcão. Ela complementa que a tensão nas relações humanas produz mal-estar, que, quando não trabalhado psiquicamente, produz diferentes sintomas psíquicos.

Ravanello afirma que uma das formas mais interessantes de se pensar a psicopatologia e o sofrimento mental é entender esses fenômenos como um modo de construção de relações sociais, como uma forma de estrutura de nossos contatos com o mundo e com os outros. Se um traço que se repete em nossas ações leva à culpabilização do outro por nossos fracassos e frustrações, não estaríamos também construindo para o outro um lugar de perigo e opressão? E como poderíamos estar razoavelmente tranquilos ou confortáveis se sentirmos que, a qualquer momento, as pessoas que nos cercam podem nos causar danos irreparáveis?

“Em função disso, se é verdade que a culpabilização excessiva pode levar um sujeito à solidão e ao isolamento, também é correto afirmar que, mesmo sozinho, sua posição tende a ser defensiva e ansiosa em relação às pessoas que fazem parte ou se apresentam ao seu convívio”, complementa.

Photo Taken In Hannover, GermanyAssumir responsabilidade possibilita o crescimento pessoal

Para câmara, tornar-se responsável pela própria vida, não dependendo inteiramente do outro para seu sucesso ou fracasso, é ser capaz de responder aos desafios da vida em uma posição ativa e afirmativa. Em vez de esperar que as coisas aconteçam de determinada forma e encontrar alguém para culpar por essas coisas não acontecerem, a pessoa que se responsabiliza pela sua vida busca contornar as dificuldades.

Talvez esse seja o ponto essencial do processo de se responsabilizar: escolher e criar uma vida que valha a pena ser vivida. “Uma vida que, se fôssemos condenados a revivê-la por toda a eternidade, ficaríamos contentes em poder revivê-la quantas vezes se repetisse. É esse o exercício do eterno retorno que Nietzsche nos propõe, e é esse exercício que coloco como dica para questionar o seu ressentimento”, completa Câmara.

Nem sempre é fácil mudar, ainda mais quando se é confrontado consigo mesmo. Nestes casos, a ajuda da terapia é fundamental, além do processo de autoanálise. “Ambos nos levam a um enfrentamento trágico em relação a nós mesmos. Despir nossas roupagens imaginárias, ceder de nossas imposições de sucesso, felicidade e adequação ao desejo dos outros, tudo isso pode nos levar a um (re)encontro necessário com o impossível que nos habita”, orienta Ravanello.

Em casos em que não é possível o acompanhamento profissional, a sugestão de Ravanello é a de escutar com o máximo de abertura possível o que se repete naquilo que lhe é dito. Se muitas pessoas questionarem a mesma coisa ou se aquela pessoa de confiança lhe fizerem a mesma cobrança, vale a pena “baixar a guarda”, poupar as justificativas e convidar a si mesmo para uma reflexão mais demorada. “Nem sempre precisamos manter a razão: por vezes é mais benéfico perde-la, deixar-se transformar e, quem sabe, a reencontrar em outro momento”, finaliza.

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/11/14/a-culpa-e-sempre-do-outro-talvez-seja-hora-de-assumir-sua-responsabilidade.htm

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“Amarrem as cabras, porque os bodes estão soltos!”

Facial Expression, Family, Heart Shape, Holding Hands, Human HandEu já tinha dois enteados quando fiquei grávida. E quando descobri que o bebê que esperava também era um menino, achei que estava preparada para o desafio de colocar mais um garoto nesse mundo.

Mas não estava.

E só descobri isso depois de ouvir o primeiro comentário machista, quando ainda contávamos sobre a gravidez e o sexo do bebê: “Mais um macho na família” Amarrem as cabras porque os bodes estarão soltos!”

Achei de péssimo gosto. E a ficha caiu. O machismo não oprime apenas as meninas. Também atinge os meninos em cheio.

O guri nasceu, mal falava gugu dadá e já era cobrado: “QUANTAS namoradinhas arrumou na escola, hein?” Eu, a mãe sempre chata e problematizadora, respondia com a voz tatibitate: “Nenhuma, né, tio” Eu sou uma criança” E criança não namora, brinca.”

Ou então: “Esse aí vai destruir o coração de muitas menininhas!”

“Não, não vou não. Sou um menino legal e vou respeitar todas as garotas!”

A luta é inglória e diária. Os meninos sempre ouvem que precisam namorar várias, transar com todas. Têm sempre que “chegar junto”, para provar que são homens. Bater para provar que são machos… e não brincar de casinha para não virar gay. Pois é.

“Você deixa ele brincar de boneca?”, perguntaram-me uma vez no playground, quando viram meu filho feliz da vida empurrando um carrinho de boneca de uma amiguinha no prédio.

“Cuidado, hein? Desse jeito ele vai virar viado!”, comentaram depois de ver que meu filho tinha uma pia de brinquedo. Saía água de verdade e ele adorava lavar todos os pratinhos e xícaras que vieram com ela.

Nas duas situações respirei fundo e argumentei:

Dad Holding crying baby in the colic carry“Você não acha que se os meninos brincassem de boneca não teríamos pais mais participativos na criação dos filhos?”

“Você não acha que se todas as crianças do mundo aprendessem a brincar de casinha desde pequenas os homens não descobririam que cuidar de casa também é responsabilidade deles?”

E a cereja do bolo: “Se meu filho for gay não será porque brincou de boneca ou de lavar a louça. E continuará a ser amado e respeitado como sempre foi.”

Só ouvi silêncio.

Pois é.

O silêncio chega quando os argumentos faltam. E nós, mães de menino, assim como as mães de menina, não podemos nos silenciar nunca.

“Para de chorar, Samuel” Meninos não choram!”

Choram sim, filho. Todo mundo chora. Inclusive meninos.

Choram sim, filho. Todo mundo chora. Inclusive meninos.

Dia desses ele não quis colocar uma camisa rosa linda que ganhou do padrinho. “Rosa é cor de menina, mamãe!”. Até então o rosa era apenas uma cor dentre várias lá em casa. Mas, aos 6 anos, o mundo o contaminou. E não teve jeito. Eu expliquei que meninos e meninas podiam usar todas as cores. Ele entendeu. Mas me disse que gostava “muito, muito” da camisa azul. E colocou a azul.

Depois ouvi ele comentando ao assistir a um desenho na TV: “Claro que ninguém vai casar com ela. É tão gorda!”

gettyimages-1129245903-2048x2048Infelizmente não conseguir ver qual era a animação que ele acabara de assistir. Mas expliquei que as pessoas podem ser magras e gordas. Que cada um é de um jeito, mas que a gente gosta é da pessoa, independentemente do peso. E que ele nunca, nunca, nunca, poderia dizer que uma pessoa é gorda como forma de xingamento. Era feio. Ofensivo. E que as pessoas ficam muito chateadas se a gente faz algo do tipo.

“Nunca faça isso, filho.”

“Tá bom! Mas você já viu que o Cebolinha fala isso pra Mônica o tempo todo, mamãe?”

Fiquei muda.

Tá vendo como é difícil?

Fonte: https://emais.estadao.com.br/blogs/ser-mae/sobre-como-e-dificil-criar-um-filho-nao-machista-em-um-mundo-machista/

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‘Estar disponível é a criança saber que, se ela precisar, você estará lá’

Mother helping daughter get ready for balletBasta olhar para uma mãe prestes a voltar ao trabalho, às vésperas do fim de sua licença-maternidade, ou para aquela que já voltou à rotina: sempre há uma sombra de dúvida pairando sobre seus olhos. Se você pudesse ouvir seus pensamentos, seria algo como: ‘será que fiz a escolha certa ao voltar  ao trabalho/ao desistir da vida profissional/ao adotar o home office/ao manter o mesmo ritmo de antes do meu filho nascer?’. Vida profissional e maternidade estão sempre em uma queda de braço e o equilíbrio, muitas vezes, parece algo difícil de ser atingido. “A infelicidade não vem do fato de a ‘conta não fechar’, porque ela não fecha nunca, mas de supormos que deveríamos conseguir conciliar estas escolhas sem perdas. Acostumemos ou façamos outras escolhas, com outras perdas”, afirma Vera Ianconelli, psicanalista, diretora do Instituto Gerar, que abre o primeiro debate de uma série de encontros mensais promovidos na Roda de encontros Matutaí, na Livraria da Vila, em São Paulo, até dezembro. Vera falou sobre o “presente de estar presente” e conversou com o blog um pouco antes de sua palestra.

Blog: O que vale mais a pena quando o assunto são os filhos: mais horas juntos, mesmo sem se dedicar inteiramente a eles, porque há rotina com a casa e com as obrigações do dia a dia, ou aquele tempo exclusivo, mesmo que menor, que muitos pais separam para se dedicar exclusivamente às crianças?

Vera: eu retornaria a pergunta: o que é possível realmente para os pais e para cada família específica? Porque, às vezes, os pais criam um mundo ideal, no qual não haveria trabalho, não haveria outras obrigações e tampouco outros desejos e no qual eles deveriam estar sempre disponíveis para os filhos. Menos do que este ideal parece para estes pais como negligência.

Para começar, estar sempre com os filhos não é o melhor para os filhos, exceto quando recém-nascidos e, ainda assim, são necessárias algumas pessoas se revezando nesta tarefa. Então pensemos que cabe aos pais introduzir os filhos no estilo de vida possível para eles e dentro da realidade do mundo em que vivemos.

A partir daí começamos a pensar, primeiro, quanto tempo eu disponho realmente para estar com meus filhos entre trabalho e obrigações incontornáveis? Segundo, mas não menos importante, quanto tempo eu desejo estar com eles, porque bons pais e mães têm, necessariamente, outros interesses pessoais. Essas respostas são individuais e devem ser dadas com o máximo de sinceridade para que o encontro com os filhos não seja uma mera formalidade ou obrigação.

pef1Por outro lado, temos pais que perdem tempo buscando prover filhos de bens que eles trocariam de bom grado por uma família com maior intimidade. Seja qual for o equilíbrio nesta balança, sempre se perde algo, seja do lado da carreira, seja do lado da vida pessoal, seja a familiar. O cobertor é curto e as pessoas têm que fazer escolhas. Não há regras, mas há consequências.

Também cabe perguntar o que chamamos de “tempo de qualidade” ? Será que significa se dedicar inteiramente ao filho, enquanto estamos juntos? Essa resposta depende da idade e vai se modificando ao longo dos anos, mas uma dica é: estar disponível não é estar o tempo todo fazendo coisas com as crianças. Por vezes, estar disponível é a criança saber que, se ela precisar, você estará lá, embora não o tempo todo.

Blog: Recentemente uma reportagem feita pelo próprio Estadão suscitou um debate nas redes sociais: uma mãe contava que o filho ficava o dia inteiro na escola que, além de lavar os uniformes do menino, ainda providenciava todas as refeições da criança. A escola afirmava oferecer o serviço para que a família tivesse “tempo de qualidade com as crianças”, longe das obrigações do dia a dia. O que é tempo de qualidade? Ficar com o filho em um contexto onde as obrigações com a casa e com a rotina já foram vencidas e o tempo é exclusivo para ele? Ou ter o filho ao lado, aprendendo que a rotina não é fácil também é um “tempo junto” que vale a pena e não merece ser desprezado?

Vera: As famílias têm expectativas e formas diferentes, qualquer regra aqui acaba por fazer supor que haveria “a família ideal”. A escolha que você descreveu tem vantagens e desvantagens, mas estejamos atentos de que não tem nada de novo aí. Muitas gerações antes das nossas foram criadas por um séquito de funcionários: sempre que havia condições financeiras e mão de obra disponível se usou este artifício. Isto na história e não é novidade. Muitas mães de aldeias tradicionais africanas, por exemplo, não se ocupam de seus bebês, que são inteiramente cuidados pelas avós. Cabe aos pais saberem o tipo de relação que querem e podem estabelecer com seus filhos e o que querem transmitir a eles sobre a autonomia ou estilo de vida. Não há como julgá-los sem lhes impor nossos modelos.

Blog: Hoje em dia é comum que as mulheres (e também os homens, embora em um número menor), abram mão de empregos que consomem tempo demais de suas vidas em nome de mais tempo com os filhos. Muitos fazem home office e sentem que não conseguem nem ser mães e pais e nem profissionais de qualidade. Como equilibrar o tempo entre a maternidade/paternidade e o trabalho? Existe felicidade no equilíbrio? Como fazer para não achar que está sempre devendo algo para alguém – ou para o filho ou para o empregador?

Vera: Estamos obcecados pelo trabalho, leia-se, pelos bens de consumo que o trabalho acessa e o prestígio decorrente. Estamos também obcecados por uma parentalidade irreal. Mesmo quando as mulheres ficavam em casa e os maridos voltavam cedo para casa, não se ficava à disposição dos filhos. É interessante essa ideia da importância que os pais dão pra si mesmos na vida dos filhos. O recomendável, se é que existe, vai na direção da autonomia da criança, da oferta de experiências no mundo e não de um fechamento familiar em si mesmo.

É curioso notar que a escolha de uma geração frequentemente é rejeitada pela geração seguinte. Filhos de ‘pais hippies’ se tornaram ‘caretas’ e o inverso também acontece. Porque o modelo escolhido por cada família só deveria servir para estas pessoas e não necessariamente para os filhos, o que torna nossa busca pela forma correta, no mínimo, bizarra. A infelicidade não vem do fato de a conta não fechar, porque ela fecha nunca, mas de supormos que deveríamos conseguir conciliar estar escolhas sem perdas. Acostumemos ou façamos outras escolhas, com outras perdas.

Blog: A criança precida da presença da mãe e do pai igualmente? Na falta de tempo de um dos dois, a presença mais constante do outro compensa essa ‘falta’? quais os efeitos desse ‘desequilíbrio’ na vida das crianças?

Family Cooking Together at KitchenVera: A criança precisa de sujeitos muito investidos em cuidar delas, que as amem, respeitem, responsabilizem-se, eduquem. Quem puder fazer isso ostensivamente ao longo da vida de outro ser humano leva o título, digamos, o ônus e o bônus da função parental. Esqueçam essa disputa de pai e mãe. Precisamos de outros humanos com as incríveis competências acima.

Blog: Homens e mulheres ‘sem tempo’ conseguem ser bons pais? Escola em tempo integral, babás e avós conseguem suprir essa ausência com qualidade?

Vera: Só podemos responder isso caso a caso mas, quando não, a criança sinaliza com o adoecimento.

Blog: Qual o ‘presente de estar ‘presente’?

Vera: Vivemos divididos entre, de um lado, o passado, o qual lamentamos pelo que “poderia” ter sido e, de outro, sofrendo a ansiedade de tentar antecipar e controlar o futuro. Também vivemos deslocados pela virtualidade, pois não estamos aqui, embora compartilhemos espaços. Basta ver restaurantes lotados de mesas onde todos estão em outro lugar por meio dos celulares. O presente de estar presente se refere a conseguir sustentar laços afetivos no aqui e agora e ver o que acontece. Sustentar silêncios, desencontros, mal-entendidos, e reaprender a conversar. Afinal, perdemos esta capacidade tão recentemente, ainda está em tempo de voltar a cultivá-la.

Fonte: https://emais.estadao.com.br/blogs/ser-mae/estar-sempre-com-os-filhos-nao-e-o-melhor-para-os-filhos-afirma-psicanalista/

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