Hoje, gostaria de abordar um tópico sensível, mas crucial: enfrentar traumas e transtornos psicológicos. Como psicólogo, compreendo que essa jornada pode ser assustadora e desafiadora, mas também é um passo corajoso em direção à cura e ao bem-estar.

O Que São Traumas e Transtornos Psicológicos?

Traumas são experiências emocionalmente dolorosas e impactantes que deixam cicatrizes profundas em nossa mente. Isso pode variar desde eventos traumáticos únicos, como um acidente, até experiências mais complexas, como abuso ou negligência.

Os transtornos psicológicos, por outro lado, são condições de saúde mental que afetam nossos pensamentos, emoções e comportamentos. Isso inclui condições como ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e muitos outros.

Os Desafios de Enfrentar Traumas e Transtornos Psicológicos

  1. Isolamento: Muitas vezes, aqueles que enfrentam traumas ou transtornos psicológicos podem se sentir isolados e incompreendidos e muitas vezes seus relacionamentos futuros são todos influenciados por essas marcas da vida. É fundamental buscar apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde mental.
  2. Estigma Social: Infelizmente, existe um estigma em torno das questões de saúde mental, o que pode fazer com que as pessoas se sintam envergonhadas ou relutantes em buscar ajuda. É importante lembrar que enfrentar essas questões não é sinal de fraqueza, mas de força.
  3. Desconforto Emocional: O processo de enfrentar traumas e transtornos psicológicos pode ser emocionalmente desgastante. Pode envolver reviver eventos dolorosos ou explorar sentimentos difíceis. No entanto, é parte do caminho para a cura.

O Caminho para a Cura

Embora enfrentar traumas e transtornos psicológicos seja desafiador, é importante lembrar que a recuperação é possível. Aqui estão alguns passos que podem ajudar:

  1. Buscar Ajuda Profissional: A terapia com um psicólogo ou psiquiatra especializado é um recurso valioso. Eles podem fornecer apoio, orientação e estratégias para lidar com os desafios.
  2. Construir uma Rede de Apoio: Compartilhar suas lutas com amigos e familiares pode ser incrivelmente fortalecedor. Eles podem oferecer amor, compreensão e encorajamento.
  3. Auto-Cuidado: Cuidar de si mesmo é essencial. Isso inclui descansar o suficiente, praticar exercícios físicos, alimentar-se bem e encontrar maneiras saudáveis de lidar com o estresse e cuidar para que a vida não pare em função desses cuidados.
  4. Paciência Consigo Mesmo: A recuperação não acontece da noite para o dia. É uma jornada que requer tempo e paciência.

Em resumo, enfrentar traumas e transtornos psicológicos é um desafio, mas não precisa e não deve estar sozinho nessa jornada. Com apoio, compreensão e ajuda profissional, é possível superar essas dificuldades e caminhar em direção à cura e ao bem-estar.

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“Meu filho tem 13 anos e nunca teve nenhum problema de saúde, nenhuma doença grave, nada. Não estava saindo de casa durante a quarentena, as aulas eram todas online. Mesmo assim, contraiu Covid-19. Apesar de ser muito jovem, a doença evoluiu rápido e ele chegou a ter 50% do pulmão comprometido. Só não morreu porque teve acesso a um bom hospital, ficou internado no Albert Einstein, aqui em São Paulo. Caso contrário, não sei o que seria.

Coronavirus COVID-19 Prevention – Icon Set. Virus vector illustration

É extremamente doloroso saber que ele estava sendo bem tratado e imaginar que a maioria das mães não tem nem a chance de lutar. Me colocava no lugar das mulheres que não conseguiam nem um primeiro atendimento para suas crianças, que não encontravam vaga em hospital. Isso é desumano.

“Se eu, com toda condição de conseguiu um bom tratamento para ele, estava nessa situação, como fica quem não tem essa possibilidade?”

“Vou entrar com ação por dano moral contra Bolsonaro”

A internação durou oito dias. Foi uma tensão absurda, pois ninguém sabe como a doença se comporta em crianças. E se ele piorasse mais? Moro no interior de São Paulo, onde está minha família, e estava com meu filho na capital. Em um dado momento, ele disse que queria ir para casa, que não queria morrer longe de todo mundo. Eu tentava animá-lo, brincava, cantava músicas, fazia alguma palhaçada. Depois, ia para o banheiro chorar. Foram os piores dias da minha vida.

Sou advogada e comecei a estudar, lá no hospital mesmo, uma ação contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Vi que já um grupo de vítimas da covid e famílias que perderam alguém para a doença exigindo a responsabilização do presidente.

“Agora meu objetivo é responsabillizá-lo pessoalmente também. Vou entrar com uma ação por dano moral e material contra Bolsonaro, pedindo uma indenização.

Vou pedir a responsabilização do governo por eventuais omissões praticadas durante a pandemia de covid-19, isso porque o direito administrativo adotou, como regra, a responsabilidade objetiva do Estado em casos como esse. Mesmo em se tratando de responsabilidade subjetiva, quando se fala de culpa, por exemplo, os requisitos também estão presentes porque houve deficiência no atendimento das pessoas, falta de informação e ausência de ferramentas de vacinação e contenção da propagação da covid, sendo que é obrigação do Estado dispensar um tratamento digno e eficiente a todos, inclusive por recomendação de protocolos nacionais e internacionais.

Ter um presidente que estimula o contágio, que é irresponsável com a saúde das pessoas, que recusou compra de vacina, que promoveu campanhas falsas sobre ‘kit covid’, é cruel. E me revolta ver cenas como a que ele tirou a máscara de uma criança. É um desrespeito com todas as mães.

“Vamos começar a perder crianças”

Sem saber o que aconteceria com meu filho, voltei a rezar. Há alguns anos perdi uma irmã vítima de um motorista embriagado, e nesse episódio também perdi um poco a fé. Mas me peguei pedindo ajuda a Deus de novo.

Na primeira vez que o levei ao hospital, a médica que o atendeu falou que, por ser adolescente, teria sintomas leves, que não era para eu me preocupar. Mas o que começou com uma febre alta evoluiu para um cansaço até para comer.

Na segunda vez que levei ao hospital, com outro médico,  ele já estava com 15% do pulmão comprometido, taquicardia, sinais vitais oscilando. Internado, mesmo com toda a atenção da equipe de saúde, com tratamento de ponta e máscara de oxigênio, ele piorou.

Eu pedia, nas orações, para trocar de lugar com meu filho. Se alguém tivesse que morrer, que fosse eu. Foi uma dor e uma angústia absurdas.

Quase um mês depois de ter tido alta,  não diria que ele está totalmente recuperado. Na semana passada, por exemplo, teve crise de sinusite. Apareceram sequelas que no geral surgem em adultos.

Precisamos levar a sério a covid entre os mais jovens. Não sabemos o impacto da doença nessa população, estamos correndo um risco sério de ver aumentar a mortalidade infantil pela ausência de políticas públicas adequadas. Vamos começar a perder crianças.”

*Maíra Recchia, 40, é advogada e vive em Itapira (SP)

Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/06/30/mae-sobre-filho-de-13-anos-internado-com-covid-grave-poderia-ter-morrido.htm

Tenho visto muita gente se cobrando de fazer um pouco mais, ou se sentindo inadequadas por não parecerem cuidar o suficiente, ou não serem tão boas quanto outras pessoas que vê ao redor demonstram ser. Nesses tempos de pandemia então, parece ter aumentado ainda mais esse senso de inadequação, bem como a cobrança por ação. Afinal, se tem tanta gente se adaptando e fazendo até mais, por que eu também não estou dando mais de mim?

Oops text on wooden blocks.

Tem horas que essa ânsia por mudança, melhoria, transformação, que é super saudável e necessária para continuarmos crescendo enquanto indivíduos, revela seu lado sobra e se opressora. Ela deixa de ser um impulso e convite e se transforma num peso que paralisa e nos leva para baixo.

Nesses momentos, cada vez mais tenho percebido que é fundamental parar e respirar fundo. Bem fundo. E então, nos permitirmos sentir nossas impotências e limitações. Viver o luto dessas impotências.

Bem sei que é duro, e difícil, se permitir estar nesse lugar. E que a tendência é negar esse momento e colocar sobre si um pouco mais de pressão e inadequação, com a melhor das intenções, dizendo: “que isso, sai daí, você consegue. Não pode ficar desse jeito não”. Afinal, permitir-se estar num lugar de impotência pode parecer que estamos jogando a toalha. Desistindo. Entregando a batalha.

Mas, cuidado. Onde está escrito que viver o luto de não conseguir fazer mais, significa que não podemos continuar caminhando e crescendo, sendo melhores amanhã?

Onde está escrito que viver esse luto significa que nunca mais sairemos dele?

We condemned our words. Pictoman’s communication messages. On blue background.

Ah! Já sei. Talvez algumas crenças que estão tão incutidas em nós, que sequer percebemos seu impacto em nosso bem-estar. Crenças essas que se manifestam através de conhecidas frases como “Você precisa ser forte”, “O mundo não tem lugar para os fracos”, “Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, viva o que eles sonham”, dentre muitas outras.

Você se pauta por alguma dessas que citei? Ou alguma outra que sussurra (ou grita) em seus ouvidos?

Veja que viver o luto da impotência e dificuldade diante da vida tal qual se apresenta é, tão somente, reconhecer nossa humanidade. Nossa necessidade de pausa, descanso. Desconectar do caos e adentrar a um pequeno espaço de calmaria. Respirar. Ser cuidado.

Depois de uma pausa, reconhecendo nossa humanidade, a gente volta a lida com a vida. Inteiros com quem somos. E, quem sabe, o reconhecimento de nossas limitações momentâneas nos traz algum aprendizado para, com mais sabedoria, lidar com os desafios da vida.

Aliás, extrair a última gota de suor e sangue tem sido um discurso impregnado numa lógica mecanicista de ver o mundo, onde todas e todos são recursos a serviço de algo ou alguém. Onde movimento e ação são valorizados, e pausa e descanso são perda de tempo.

Nascemos nesse momento de mundo onde a lógica mecanicista é super presente. Precisamos honrar o tanto de coisa bacana que tivemos acesso a partir dessa visão de mundo. Mas não precisamos ser tomados por ela, tampouco assumir que ela precisa perpetuar para todo sempre.

É tempo de mudarmos. E, para isso, precisamos lembrar que não precisamos dar conta de tudo. Que temos limites. Senão, sem percebermos, entramos em colapso. E, nessa hora, esgotou-se a última gota.

Permita-se parar essa semana. Fazer nada. Ser improdutivo. Jogar conversa fora. Conectar-se com algo que gostava na infância. Fazer algo que te dê prazer, sem culpa.

– Ah Sérgio, e o que isso tudo tem a ver com o mundo do trabalho e as empresas?

Imagina se cada indivíduo ali dentro permite-se perceber seus próprios limites, e falar sobre eles. Imagina se na cultura organizacional de uma empresa melhoria e acolhimento dos limites, caminhassem lado a lado?

Fonte: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/sergio-luciano/2020/10/14/permita-se-nao-dar-conta.htm

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“Dez vezes ao dia precisas rir e estar alegre, senão incomodar-te-á de noite o estômago, esse pai da aflição. “Esse trecho do livro “Assim falava Zaratustra”, escrito pelo filósofo Friederich Nietzsche no final do século 19, mostra como a relação entre as emoções e a saúde do corpo não é algo recente. A milenar medicina tradicional chinesa também diz que as doenças surgem quando há uma manifestação de desequilíbrio das energias Yin e Yang do corpo – que representariam um equilíbrio racional e emocional/intuitivo.

Glowing lines and spots encircling a human brain

A primeira vez que notei o quanto as minhas emoções podiam afetar todo o meu sistema nervoso, digestivo e imunológico foi em 2017. Na época, viajei com um amigo ao Deserto do Atacama, no Chile, para uma incursão até a Bolívia, onde encontraríamos o Salar de Uyuni. No dia de voltar a Santiago, comecei a me sentir mal no aeroporto. Fui ao banheiro algumas vezes com uma forte diarreia. Já no Chile, nada de melhorar – pelo contrário, a diarreia piorou e meu estômago doía muito.

Numa situação como essa, o pensamento mais comum (e foi o que veio à minha cabeça) é de intoxicação alimentar. Não é nada estranho pensar que eu estava mal por causa de algo que comi nos lugares em que passei – alguns precários, no meio do deserto. Porém, meu amigo comeu as mesmas coisas que eu e estava se sentindo ótimo – inclusive, conheceu muito mais Santiago do que eu, que estava “ocupado” no banheiro.

O fator que faltava para solucionar a equação era o meu estado emocional. Eu vinha passando por um duro término de relacionamento e, durante a viagem, minha ex-namorada e eu discutimos por telefone. Foi um período duro e melancólico que fez com que aproveitasse muito menos do que gostaria aquela incrível viagem.

Como as emoções podem afetar o intestino

Após a viagem à Bolívia, foram incontáveis os quadros de diarreia, azia, cólicas, dor de estômago e prisão de ventre ao longo dos anos. Após muito tempo sofrendo com o problema, procurei ajuda médica e descobri que tenho síndrome do intestino irritável, doença que tem ligação direta com nossas emoções.

Um estudo publicado no Centro Nacional de Informação Biotecnológica, nos EUA, analisou 4.763 participantes para entender a relação da síndrome com o equilíbrio da mente. Os pesquisadores constataram que os pacientes que sofriam com o problema no intestino tinham maiores taxas de ansiedade, sintomas de depressão e angústia do que quem não apresentava sintomas da síndrome intestinal.

Vector illustration – Brain Storm

Diferente de outras doenças no órgão, como colite ulcerosa e doença de Crohn, a síndrome do intestino irritável (SII) é considerada um distúrbio funcional – ou seja, não é causada por uma inflamação crônica, como as outras citadas. “Na SII, há uma disfunção que interrompe o movimento normal dos alimentos pelo trato gastrointestinal, causando os sintomas relacionados. O problema pode produzir sintomas diferentes em pessoas diferentes e acredita-se que múltiplos fatores físicos e psicológicos estejam envolvidos no seu desenvolvimento”, descreve Susan McQuilan, mestre em ciências e nutricionista, em seu artigo Ansiedade SII: Como os distúrbios digestivos afetam sua saúde mental.

As doenças chamadas de orgânicas são aquelas que apresentam alterações químicas, bioquímicas, infecciosas etc. – como dor de barriga por pedra na vesícula, úlceras, inflamações e câncer. Já as funcionais, como a síndrome do intestino irritável, apresentam alterações diferentes das orgânicas tradicionais, como problemas de motilidade do intestino (capacidade dos intestinos de realizarem movimentos peristálticos para expelir o bolo fecal), de sensibilidade, alterações de expressão dos neurotransmissores etc.

“Nós possuímos ‘scanners’ no nosso intestino que monitoram tudo que se passa dentro dele, como identificar as bactérias presentes, os tipos de alimento que se ingere e assim por diante. Quando esses receptores notam alguma alteração das bactérias intestinais, são estimulados e a informação é passada  para um nervo que leva o sinal até o cérebro, que filtrará a informação e mandará a resposta para o intestino, alterando a sensibilidade do órgão, secreções etc.”, explica Ricardo Barbute, gastroenterologista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

“Esse eixo funciona de forma anômala em quem tem síndrome do intestino irritável, exemplo clássico de doença funcional. O cérebro vai interpretar as informações que vêm do intestino de forma diferente, com maior sensibilidade ao que acontece no intestino, então são gerados os sintomas do problema. E essa sensibilidade é ainda maior em que está deprimido, ansioso, cansado”, completa.

O que veio primeiro?

Barbute explica que, apesar de as alterações psicológicas e psiquiátricas serem comuns em quem sofre de síndrome do intestino irritável, elas não são as causadoras do problema. São as alterações genéticas que predispõem o aparecimento da SII. “As alterações psicológicas e psiquiátricas são comuns, mas elas não geram nem explicam os sintomas, apenas os modulam em quem sofre com síndrome do intestino irritável. Resumindo, ninguém tem a doença porque é estressado, mas sendo estressado, vai ter sintomas do problema de forma mais intensa e frequente.”

Luiz Scocca, psiquiatra do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e membro da APA (Associação Americana de Psiquiatria) complementa. “Não está totalmente claro como o estresse, a ansiedade e a síndrome do intestino irritável estão relacionados. O que os estudos mostram é que eles podem acontecer juntos com grande frequência – cerca de 60% dos pacientes com sintomas da síndrome também mostram ter um (ou mais) problema psiquiátrico”, fala o especialista.

Segundo ele, a relação estreita entre o sistema nervoso e o intestino acontece desde que as primeiras células do organismo são formadas, fazendo com que se comuniquem “para o bem e para o mal, sempre”. Também parece haver uma grande influência do sistema imunológico na síndrome, sendo que ele também é afetado por estresse e depressão. “É uma conexão inquestionável.”

Em busca de equilíbrio nutricional e emocional

Muitas pessoas afetadas pela síndrome do intestino irritável não procuram atendimento médico. “Aproximadamente 40% dos indivíduos que atendem aos critérios de diagnóstico da doença não têm um diagnóstico formal”, aponta Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio Libanês. A SII está associada ao aumento dos custos com assistência médica e é a segunda maior causa de absenteísmo no trabalho. “Nos Estados Unidos, ela é responsável por 25% a 50% de todos os encaminhamentos para gastroenterologistas”, completa Zilli.

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O problema está associado a outras condições, como fibromialgia, síndrome da fadiga crônica (também conhecida como doença de intolerância ao esforço sistêmico), doença do refluxo gastroesofágico, dispepsia funcional, dor no peito não cardíaca e distúrbios psiquiátricos, incluindo depressão, ansiedade e somatização. “O estresse emocional e as refeições podem agravar a dor. Pacientes com SII também relatam frequentemente inchaço abdominal e aumento da produção de gás na forma de flatulência ou arroto”, continua o médico do Hospital Sírio Libanês.

Sintomas nada agradáveis e que oferecem problemas não só em curto prazo, como para toda a vida – e que merecem atenção. Para o tratamento, é importante procurar um profissional e individualizar a estratégia nutricional, além diagnosticar deficiência de nutrientes.

Pacientes com SII podem se beneficiar da exclusão de alimentos conhecidos como FODMAPs – fontes de oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis. Entram nessa lista feijão, couve, trigo, brócolis, cebola, frutas e muitos outros alimentos. “Em alguns casos, também pode ser recomendado evitar a lactose e o glúten, como prevenção”, complementa Zilli.

Além disso, faz parte do processo de tratamento um olhar mais cuidadoso e profundo sobre o estado emocional. O paciente precisa buscar mudar alguns padrões de pensamento e entender as emoções e como controlá-las, por meio de terapias, consultas psiquiátricas, meditação, ioga, atividade física e tudo que ajuda a trazer bem-estar.

Para Scocca, essa é parte essencial do tratamento. “Não há como tratar o transtorno em longo prazo sem a combinação das mudanças de hábitos. O paciente necessitará de remédios de várias famílias – de antidepressivos a antibióticos, de fibras sintéticas a probióticos – mas terá que lidar com a ansiedade por meio de exercícios físicos leves e constantes, relaxamento, respiração, massagem, além de melhora da qualidade de vida.”

Segundo Barbute, mais de 70% dos pacientes com SII mostram melhora com uma dieta correta, baseada no baixo consumo de FODMAPs e com o tratamento dos sintomas psicológicos. Mas, em alguns casos, há necessidade de tratamento medicamentoso, como antispamóticos e antidepressivos.

“Os antidepressivos têm ação direta no intestino mexendo com a secreção de serotonina – 95% da serotonina do corpo está no intestino. Qualquer antidepressivo tem ação intestinal e normalmente usamos em doses menores do que as psiquiátricas.”

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/10/05/descobri-que-problemas-emocionais-eram-a-causa-dos-meus-piriris.htm

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Há mais de um significado para o conceito de “sombra” na personalidade, mas antes de esmiuçá-los é importante avisar: todas as pessoas o têm, o que as difere é a maneira com que lidam com ele. “Ter ou não ter um lado sombra não é uma escolha. Ele faz parte de todos nós, se desenvolve a partir das experiências acumuladas ao longo da vida e pode tomar contornos bastante negativos, caso optemos por ignorá-lo”, diz a psicanalista Gisele Gomes, professora de Teoria Psicanalítica Freudiana na RNA Clínica e Escola de Psicanálise, em São Paulo (SP).

Man and a scibbled version of himself

A ideia tem origem na psicologia analítica desenvolvida pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961). A sombra é tudo o que foi negado, reprimido ou ainda permanece desconhecido pelo indivíduo e está recalcado – ou seja, reprimido – em seu inconsciente, o que também torna sua definição ligada aos estudos do psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939).

De um modo mais simples, podemos definir a sombra como aquele lado da personalidade que acolhe instintos que insistimos em controlar, como a raiva, o ódio e a inveja, entre outros. “Todos nós temos em nosso inconsciente o bem e o mal, mas conhecemos a essa face sombria quando começamos a tornar consciente aspectos que consideramos ‘ruins’ ou ‘errados’, seja por questões educacionais, culturais ou sociais. A sombra é um ‘eu escondido’ cujas manifestações são rejeitadas por nós a todo o tempo”, afirma a psicanalista Andréa Ladislau, do Rio de Janeiro (RJ).

Mesmo reprimido, ele se manifesta

Segundo Marcelo Lábaki Agostinho, psicólogo clínico do IP-USP (Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo), a sombra é algo escondido na vida inconsciente e que, por ser assustador, fica à parte da personalidade. “O crucial não é identificar quando esse lado sombra se desenvolve, mas sim o que fica desintegrado da nossa personalidade e por quê. O que não é elaborado pode surgir como um comportamento estranho, um sintoma, que não pode ser compreendido somente pelas formas racionais de conhecimento, pois envolve os aspectos inconscientes de nós mesmos”, afirma.

Assim, o que rejeitamos em nós mesmos pode vir à tona em algum momento – pensamentos, emoções e impulsos que podem dolorosos, vergonhosos ou tóxicos demais para aceitar. Ressentimento, ciúme, mágoa ou inveja, só para citar alguns exemplos, de repente explodem na forma de atitudes nocivas, conflitos, agressões verbais e até violência física. É fundamental combater o sentimento de culpa por perceber nosso lado sombrio, uma vez que ele também faz parte de nosso ser.

“A questão é controlar e equilibrar para não fugir do que, culturalmente ou socialmente, é considerado ‘normal’ e ético para nossa vivência, sem trazer prejuízos para os outros e para nós mesmos”, fala Ladislau. Se deixarmos a sombra nos dominar e determinar nossos atos, podemos ceder espaço para manifestações neuróticas ou psicóticas, alimentando uma essência maléfica.

Como lidar com isso?

young woman looking fine on the outside but unwell in her emotions and mental state

Na opinião de Gomes, o efeito sombra pode ser sutil ou brutal – tudo depende de como as pessoas lidam com esse lado não consciente e imprevisível. “Para exemplificar, todos os dias as pessoas vivenciam algo que lhes traz algum tipo de ‘incômodo’, não é mesmo? Ou seja, convivemos com alguém que não nos agrada em nosso trabalho; assistimos com revolta fatos violentos como um assalto, um homicídio ou um feminicídio; acompanhamos assustados milhares de brasileiros em negação em relação à pandemia do novo coronavírus. Todas essas vivências trazem à tona, mesmo que brandamente, algo do nosso lado sombra, como o desejo de vingança contra um desafeto ou a vontade de exercer a justiça com as próprias mãos. Essas reações, drásticas ou meramente negativas, se originam nas sombras do nosso ser”, observa.

Uma forma de “eliminar” a sombra é jogá-la sobre ombros alheios. “Aquilo que rejeitamos ou não admitimos em nós mesmos também costuma ser projetado nos outros”, conta a psicóloga e psicanalista Gabriela Malzyner, professora do curso de Formação em Psicanálise do CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), em São Paulo (SP).

De acordo com Agostinho, algumas pessoas conseguem lidar melhor com o lado sombra do que outras por apresentarem mais facilidade para entrar em contato com o próprio mundo interno. “Pode ser que para elas o sintoma não seja a única forma de entrar em contato com o que se passa na mente e, assim, fica mais fácil se conhecer”, diz. Sob o ponto de vista do psicólogo, aceitar que há essa dimensão desconhecida em si mesmo pode ser uma boa forma de ficar de bem com o lado sombra. Aceitar que não conhecemos tudo, que não temos controle de tudo, que nem tudo está ao alcance da nossa compreensão seria, a meu ver, um bom começo”, aponta.

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/14/todos-temos-um-lado-sombra-da-personalidade-o-que-e-e-como-lidar-com-ele.htm

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O termo resiliência quer dizer – em seu significado original, na física – o nível de resistência que um material pode sofrer frente às pressões sofridas e sua capacidade de retornar ao estado original sem a ocorrência de dano ou ruptura. A psicologia pegou emprestada a palavra, criando o termo resiliência psicológica para indicar como as pessoas respondem às frustrações diárias, em todos os níveis, e sua capacidade de recuperação emocional. Falando de uma maneira bem simples, quando mais resiliente você for, mais fortemente estará preparado para lidar com as adversidades da vida.

Embora exista certa controvérsia a respeito dos indicadores de uma boa resiliência, não se acredita que ela seja resultante de um traço de caráter ou de personalidade. Na verdade, a melhor definição da palavra seria o resultado de um processo de aprendizagens de vida. Portanto, você, assim como eu, está apto para desenvolvê-la.

O treinamento começa desde cedo

Desde a infância, pessoas que ativamente se esquivam das dificuldades ou que são isoladas dos problemas cotidianos (como fazem alguns pais para “poupar” a criança), deixam de “treinar” suas habilidades resilientes. Desta forma, quando crescem, tais indivíduos não conseguem apresentar repertórios adequados de enfrentamento aos problemas e, desta forma, perdem a habilidade de atravessar as situações de crise de maneira construtiva. Sua falta de habilidade faz com que reajam em excesso (aumentando assim o tamanho das adversidades) ou, no polo oposto, respondam de maneira passiva, ou seja, permanecem anestesiados frente aos dilemas, perpetuando-os.

Um dos princípios mais importantes neste aprendizado diz respeito ao que chamamos de capacidade de enfrentamento de uma pessoa. Eu explico: em todas às situações adversas que passamos podemos compreendê-las de duas formas.

A primeira diz respeito a uma interpretação mais negativa dos fatos, ou seja, entendemos que coisas ruins que acontecem a nós estão fora de nosso raio de ação, pois não temos a menor responsabilidade a respeito de sua ocorrência. Nesta posição, como não temos controle pelo acontecido, não exibimos nenhuma atitude de mudança. E, assim, assumimos uma postura de vítima das circunstâncias da vida.

Uma segunda possibilidade diz respeito a uma interpretação mais ativa dos fatos, ou seja, podemos assumir que parte dos problemas e das dificuldades que vivemos dizem única e exclusivamente respeito a nossa forma de agir no mundo, e portanto, entendemos que possuímos alguma responsabilidade sobre o fato.

Assim, quando eu me vejo parte integrante do problema e pelo que acontece a minha volta, recupero a possibilidade de mudar as coisas que não me fazem bem. Aqui, exatamente, encontra-se um dos maiores dilemas humanos. Embora muitas pessoas desejem ativamente mudar as situações de sua vida, dificilmente querem se automodificar. Mudar então é apenas um desejo.

Nesse sentido, nossa atitude mental frente às adversidades é uma das primeiras lições para construir uma boa resiliência psicológica, pois nos possibilita uma postura mais ativa: a de nos tornarmos responsáveis pelo que acontece a nossa volta. Um bom exemplo deste posicionamento pode ser comprometido através de antigo ditado que diz: “não importa o que fizeram conosco, mas sim o que fazemos com aquilo que fizeram de nós”.

E você leitor, em qual posição mais se situa?… A de vítima ou a de responsável pela sua vida? Se optar por entender sua realidade dentro de uma maneira mais ativa e, principalmente sob seu controle, é provável que sua resiliência seja aumentada de maneira expressiva. Pode não ser muito usual, mas tente praticar este pensamento.

Buscando um sentido

Um segundo ponto que aumenta de forma significativa nossa resiliência é o desenvolvimento de um projeto pessoal de vida. Conhecemos pessoas que vivem apenas contando com o dia de hoje e assim passam por sua vida de maneira quase que inconsistente, alheias a tudo e a todos. Uma importante lição deve ser aprendida neste ponto.

Uma história que merece ser contada aqui é a do psicólogo existencialista Viktor Frankl. Prisioneiro dos campos de concentração, ele teve a oportunidade de observar as mais diversas reações dos prisioneiros frente às atrocidades cometidas pelos nazistas. Em seus relatos, descreve que muitas pessoas em certo ponto não mais conseguiam tolerar o sofrimento e assim deliberadamente desistiam de viver. Faziam isso se jogando contra as cercas eletrificadas, deixando de se alimentar ou, finalmente, se atirando contra os militares e seus cachorros. Em suas notas, descreveu que aquelas que mais suportavam a dor de uma prisão (e que sobreviveram) eram aquelas que desenvolviam um sentido de vida como, por exemplo, guardar comida para um prisioneiro mais fragilizado ou mobilizar-se para conseguir medicações para algum outro mais necessitado. Tais ações, segundo ele, traziam de volta a dignidade humana, pois abasteciam as pessoas com força e determinismo pessoal.

“O sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior”, dizia Frankl. Desta forma, temos em nosso cotidiano que desenvolver projetos que tragam um sentido a nossa existência, pois isso nos torna mais resilientes frente às adversidades da vida. Quando eu tenho um projeto maior para me apoiar, entendo que os problemas são apenas obstáculos a serem superados, pois persigo algo muito maior.

E você leitor, tem algum projeto pessoal maior de vida? O que realmente você espera de sua existência? Veja que não vale desejar ficar rico, pois sabemos que isso por si só não traz dignidade a ninguém. Ter um projeto maior é possuir uma causa que lhe traga sentido. Algo que nos faça sair da cama todos os dias e que seguramente poderá trazer-lhe de quebra mais resiliência.

Entendendo emoções

Finalmente, o tripé da resiliência se apoia na capacidade de compreender o que sentimos. Pode parecer algo mais simples, entretanto, não é o que ocorre. Vivemos usualmente sem entrar em contato com nossas sensações subjetivas e isso pode nos confundir bastante. Estar atento aos nossos sentimentos é uma das maneiras mais simples de desenvolver nossa capacidade de enfrentamento emocional. Entenda que estar em contato com nossas emoções nos faz sermos mais ágeis na busca daquilo que efetivamente nos faz bem, como também na evitação das situações que nos fazem mal. É a chamada inteligência emocional.

Em função de não estarmos habituados a nos conectar conosco, estamos sempre procurando aliviar nossos sentimentos ruins através de atitudes externas como, por exemplo, comprar quando não nos sentimos bem, comer quando estamos ansiosos etc, ou seja, agimos de uma maneira esquiva, na qual nos protegemos de nossos próprios sentimentos desconfortáveis. O ponto central aqui é perceber nosso estado subjetivo para então poder mudá-lo.

Caso você esteja achando difícil minha proposta, vou ajudar você. Usarei uma antiga crônica de Clarice Lispector que tem o seguinte título: “Se eu fosse eu”. Diz ela: “Quando  a procura de um papel se torna inútil, pergunto-me: se eu fosse eu, em que lugar eu o guardaria?” E complementa dizendo: “Quando eu acho o objeto perdido, fico tão absorvida com a pergunta ‘se eu fosse eu’, que eu começo a pensar, diria melhor, sentir”. E finaliza indagando: “leitor, se você fosse você mesmo, quem você seria e onde estaria?”. Conclui sua crônica dizendo: “É como se a mentira fosse lentamente movida do lugar onde se acomodara e temos então contato com a experiência real da vida”.

Portanto, sabemos o que nos incomoda, apenas decidimos não pensar no assunto, anestesiando-nos. Se esta pergunta lhe deu algum frio na barriga, isso definitivamente é um bom sinal. Caso você ainda não tenha percebido, ainda há tempo para mudar. Se não consegue sozinho, busque ajuda.

Concluindo então nossa conversa: (a) desenvolva um papel ativo em sua vida (não se sinta vítima de sua existência), (b) elabore um grande projeto pessoal (caso ainda não o tenha) e finalmente (c) entenda suas emoções. Posso lhe assegurar que você desenvolverá de maneira espantosa sua resiliência emocional. Milan Kundera em seu livro A lentidão afirmou que “cada possibilidade nova que tem a existência, até a menos provável, transforma a existência inteira”.

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/dr-cristiano-nabuco/2020/10/06/o-que-e-resiliencia-e-por-que-isso-e-importante.htm

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Parece até revival da eleição de 2018. Na internet, amigos se atacam e se sentem magoados uns com os outros. Há quem seja expulso de grupos de WhatsApp e quem decida deletar redes sociais. Passados seis meses de pandemia, estamos todos no limite. Alguns de nós resolveram dar umas voltas, expandindo isso para um tal “novo normal”. Outros continuam trancados em casa, se limitando de tudo. E cada vez menos duas formas diferentes de agir conseguem se entender e conversar.

Young female neighbors talking from apartment windows during COVID-19 isolation

Resultado: como se não fosse o suficiente o medo do vírus e a incerteza econômica, ainda estamos brigando com nossos amigos!

Aconteceu com o jornalista Renato (o nome é fictício porque ele não quer criar mais confusão). Ele está há seis meses em casa com o marido em São Paulo. Só saiu duas vezes. Seus amigos mais próximos não têm feito o mesmo. “Briguei com a minha melhor amiga por causa disso. Agora, quando falo com ela, evito tocar no assunto da pandemia.” Segundo ele, “os amigos falaram que iam se encontrar na praça, e depois virou para ‘vamos todos alugar um sítio’. Renato não se conforma com o que considera falta de solidariedade e reconhecimento de privilégio. “Nós somos de classe média alta, podemos trabalhar de casa, não dá para só reclamar do governo e não fazer a sua parte, que é ficar em casa, para evitar que a epidemia se espalhe ainda mais”. Renato anda afastado dos amigos, o que torna seu isolamento ainda mais difícil.

A maioria das pessoas entrevistadas para esse artigo preferiram não se identificar para não aumentar ainda mais os conflitos. Caso da farmacêutica Marcela, de 43 anos, que já foi deixada de lado de um grupo de WhatsApp de amigos por causa do seu discurso pró isolamento.

“Tenho um grupo com meu marido e mais três casais de amigos, no começo da pandemia foi legal, fizemos vídeo chamada, festa no zoom. No fim do lockdown, já começaram as divergências, com gente querendo se encontrar pessoalmente. Trabalho dentro de hospital, então sigo todos os protocolos. Até que um dia um amigo do grupo sugeriu “furar o isô” (isolamento). Fiquei chateada, disse que não era de forma alguma a hora de fazer isso. Resultado, fiquei sabendo que criaram um outro grupo sem eu e meu marido. “Hoje, Marcela consegue rir da situação, mas a diferença de pontos de vista não está sendo fácil. “Eu até deletei minha conta no Instagram para não ver amigos na praia, em festinhas. Estava achando muito angustiante”, conta.

Sheila, engenheira de 43 anos, teve conflitos com amigas tão sérios que ela acha que “a amizade nunca será a mesma”. Ela é filha de uma empregada doméstica que perdeu o emprego na pandemia. E teve que lidar com amigas reclamando da falta de domésticas durante o isolamento. “Tenho um grupo de WhatsApp com amigas de classe média. Algumas ascenderam socialmente, passaram a ter mais grana. Em abril, começaram a reclamar da falta de empregadas domésticas. Em maio, já começaram a discutir quando as empregadas iam voltar, “já que todos precisam trabalhar”. Já ficou estranho. Até que em junho postaram uma foto de integrantes na piscina de uma casa de praia. Silenciei o grupo. Fiquei com muita raiva por estar fazendo tudo certo, com desespero, pensando que depois alguém iria limpar a casa.

Até hoje, ela se sente triste com o episódio. “O sentido da solidão se ampliou demais. O horror não está só entre os políticos, mas também entre nossos amigos e familiares.”

“Sem orientações oficiais, precisamos fazer nossas próprias regras”

A mágoa não acontece só entre quem não aceita amigos que não fazem isolamento. No caso da editora Maria, do Rio de Janeiro, ela e o filho se contaminaram com Coronavírus no início da pandemia. “Eu não sei como peguei, só estava saindo para ir ao supermercado. Fiquei super preocupada, com medo de passar para a minha mãe. Avisei todos os meus amigos. Até que uma amiga inventou e espalhou que eu tinha me contaminado porque tinha ido a um samba, você acredita nisso? “Além de ser mentira, ela foi julgada estando doente. “Acho que el anão fez por mal, é do tipo que perde o amigo mas não perde a fofoca… mas foi insensível, né!?”, lembra.

Maria, agora, admite estar em outro momento em relação ao isolamento. “Já não estou mais de quarentena. Tenho pedalado e até encarado restaurante vazio, com mesa externa. Mas sempre aviso isso aos amigos que encontro”, garante.

A nutricionista Aline seguiu a risca o isolamento nos 4 primeiros meses. Depois, cansada da falta de orientação do governo, resolveu fazer “as próprias regras”. “Tenho dois filhos pequenos de 4 e 2 anos., só eu sei como foi difícil manter estas crianças trancadas todo esse tempo. Hoje visito meus pais, deixo brincar com alguns vizinhos e estou programando uma viagem para um hotel que sei que segue orientações e protocolos”, conta. Quando compartilhou a decisão com os amigos, ouviu que ela “só faltava ir para a praia lotada”.

Aline ficou ofendida, mas resolveu não comprar briga. Fiquei chateada porque acho que são situações bem diferentes. Sem contar que o amigo que disse isso não tem filhos e não entende o que estou passando. Mas agora preciso fazer essas coisas escondidas dele”.

Desamparo geral

Quem está certo? Quem está errado? Bem, o que podemos afirmar é que todos nós estamos sofrendo. Segundo o psicanalista Paulo Beer, a falta de certezas do momento gera uma enorme angústia. “Estamos todos sem certeza de nada, não sabemos o que vai acontecer, não sabemos quando, tudo isso nos coloca em um lugar de desamparo”, explica.

“Para sobreviver a essa incerteza, as pessoas criam sistemas para se defender. Se você discorda, não está discordando só de uma ideia, mas de algo muito valioso, uma crença que ela criou para se defender”, diz.

Exemplo banal: “eu limpo todas as compras com álcool gel e isso me deixa calma, logo me irrito com quem diz que o que faço não tem sentido”. Ou: “eu levo a vida normal porque não consigo lidar com essa incerteza”.

Como reagimos quando alguém bate de frete com essas maneiras que criamos? Tiramos do grupo de WhatsApp, passamos a evitar, brigamos.

Mas, bem, brigar com os amigos no meio de uma pandemia mundial, em um momento tão difícil, não parece ser uma boa ideia, né? Como fazer?

“Se a gente reconhecer que mesmo a outra pessoa que age e pensa muito diferente da gente também está angustiada, isso pode ajudar”, diz o psicanalista.

“E tem mais, se a gente olhar com calma, pode ver que até alguns conselhos que são irracionais têm por trás o desejo de cuidar. Até quem fala que “Todos têm que trabalhar”, de certa forma, quer cuidar do outro.

O que seria mais confortante e útil? Tentar ter conversas que não sejam disputas de quem tem razão. Vamos lá. É difícil, mas a gente consegue. Lembre: todos estamos sofrendo.

Fonte: https://www.uol.com.br/universa/colunas/nina-lemos/2020/09/30/fica-em-casa-x-dar-uma-voltinha-pandemia-

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Em um mundo ideal, o perfeccionismo deveria ser sinônimo de uma busca constante pelo aperfeiçoamento em todos os campos da vida: profissional, amoroso, social, familiar. Bem equilibrado e saudável, trata-se de uma característica que nos ajuda a evoluir e a conquistar nossos objetivos.

Group of children photographed from above on various painted tarmac surface at sunset

Porém, às vezes a mania de perfeição acaba se tornando exagerada, “engessando” o dia a dia, a rotina no trabalho e a convivência com as pessoas. Nesses casos, o perfeccionismo exige demais de si mesmo. “O problema é que nem sempre o melhor de si é alcançável, pois a todo o momento a pessoa pensa que poderia ter feito melhor o que se propôs a fazer. E, assim, nunca estará satisfeita com as suas realizações”, explica Marcelo Lábaki Agostinho, psicólogo clínico do IP-USP (Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo).

Dessa forma, o perfeccionismo se converte em escravo da própria exigência, encontrando falhas e defeitos nos mínimos detalhes e vivendo sempre descontente. “No trabalho, se tiver cargo de chefia o perfeccionista costuma pegar no pé dos colegas para tentar controlar tudo. Outra dificuldade é delegar tarefas. Como acredita que ninguém desempenhará uma tarefa de acordo com suas expectativas, cria situações difíceis e fica constantemente sobrecarregado”, diz Nikolas Heine, psiquiatra do Hospital 9 de Julho, na capital paulista.

Para Yuri Busin, psicólogo e doutor em Neurociência do Comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental), em São Paulo (SP), numa sociedade onde a excelência é valorizada, prezar pelo perfeccionismo pode ser algo positivo. Entretanto, existe um ponto em que o impulso pela perfeição pode ir longe demais.

“Quando a motivação pela qualidade trabalha junto com o ego ou o senso de valor próprio de alguém, a mania de perfeição é prejudicial e até viciante para o indivíduo. Se alguém se sente bem apenas quando é perfeito, então terá que trabalhar mais e mais para não cometer algum erro inevitável. Nisso, a pessoa inicia uma jornada de dedicação desproporcional, potencializando seu nível de frustração quando não alcança o objetivo idealizado, gerando muito sofrimento”, observa.

A exigência interna pode “vazar” para os relacionamentos interpessoais, de acordo com Agostinho, levando o perfeccionista a exigir, das pessoas com quem convive a perfeição como meta. A convivência vira um suplício, pois nada estará bom, limpo, bem feito ou organizado o suficiente aos olhos dele. Se identificou? Romper esse padrão nem sempre é algo simples, mas é possível com algumas mudanças no jeito de conduzir a vida. Eis algumas recomendações:

  1. Assuma sua condição

Conscientizar-se desse processo constante de exigência interna é o primeiro passo rumo à liberdade. Aceite que a vida tem imperfeições e que toda pessoa pode cometer falhas.

2. Aceite que o que faz tem valor

“Mesmo que não atinja as altas expectativas que você alimenta”, completa Agostinho. Limitar o número de vezes que irá refazer ou revisar um trabalho é uma ótima forma de exercer controle sobre o próprio perfeccionismo”, endossa Busin.

3. Reflita: de onde vem a necessidade de ser exemplar em tudo?

Normalmente, esse traço de personalidade é gerado na infância, o que requer entender que criou padrões muito exigentes para si mesmo. Esses padrões provavelmente foram aprendidos com experiências com os pais ou cuidadores e sua baixa tolerância a erros. Porém, lembre-se: hoje você é uma pessoa adulta e pode definir suas próprias crenças e seus próprios modos de agir.

4. Entenda que cada pessoa tem um jeito próprio de “funcionar”

No trabalho, tente delegar – comece com tarefas menores. Em casa, domine as implicâncias em relação ao jeito de os familiares arrumarem ou organizarem as coisas. Ao reparar com olhos de crítica o comportamento alheio, você acaba sofrendo dobrado. Não existe um jeito “certo” ou “errado” de fazer certas coisas, mas o jeito de cada um concretizá-las. Experimente você também outras formas de realizar tarefas. Isso pode ser um hábito positivo para minimizar a angústia pela excelência.

5. Pratique esportes

Segundo Heine, os esportes radicais são os mais indicados. Skate, surfe e slackline, por exemplo, são esportes que exigem que você atue de forma criativa, espontânea e até artística, para superar problemas. “São atividades em que a preparação não é tão importante quanto a ação do próprio esporte”, diz o médico.

6. Pratique o autoconhecimento

O medo de não pertencer, de não ser reconhecido, de ser rejeitado pelo grupo impede o indivíduo de desfrutar de suas próprias imperfeições. Reconhecer que não é perfeito requer uma dose de autoestima, segurança e, principalmente, humildade. “Todos cometem erros. Se uma pessoa não é boa em determinada tarefa, muito provavelmente é boa em outra. E lembre-se: seus medos e falhas, tão imperfeitos, ajudaram a construir a pessoa que você é hoje. A ideia de perfeição foi normatizada pela sociedade atual, algo que não é natural. Por isso, é preciso apreciar as peculiaridades, as falhas, a singularidade das coisas. Sinta as imperfeições, porque essas características são o que tornam você uma pessoa especial e única”, pontua Yuri. “Avalie também se a busca pelo perfeccionismo não pode esconder imperfeições e insatisfações com as quais nem sempre quer entrar em contato”, comenta Agostinho.

7. Alimente expectativas realistas

Trace objetivos possíveis de serem realizados, tendo como base as suas vontades e necessidades. Depois, dê pequenos passos. Pense nos seus objetivos de maneira sequencial, mas sem flexibilidade. Concentre-se no processo de fazer a atividade, não apenas no resultado final.

8. Faça perguntas difíceis

Exemplos? “Eu tenho colocado metas impossíveis para mim?”, “Se eu errar, qual é a pior coisa que poderia acontecer?” e “Se eu errar, posso aprender com a experiência?”.

9. Saiba que “feito é melhor do que perfeito”

Em geral, muitos perfeccionistas são procrastinadores, porque dificilmente concluem um trabalho com medo do resultado. Vale impor um limite para correções.

10. Preste atenção aos exageros

O perfeccionismo pode se transformar em um transtorno de personalidade que exige um tratamento psiquiátrico se você sofrer demais no dia a dia, apresentando dificuldades de tomar decisões ou concluir atividades. Insônia, alimentação desequilibrada, falta de ar, sudorese e sintomas de ansiedade como taquicardia e pressão no peito merecem atenção.

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/09/mania-de-perfeicao-tem-prejudicado-suas-relacoes-10-dicas-para-reverter.htm

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Preocupação, ansiedade e estresse são sentimentos que fazem parte da nossa vida e, por provocarem algumas sensações parecidas, muitas vezes poder ser confundidas. E saber reconhecer cada uma dessas condições é importante, pois em excesso elas podem prejudicar a saúde física e mental.

“São sensações que estão sobrepostas, por isso identificar cada uma é importante para perceber se as suas reações são normativas ou excessivas”, explica Carolina Lisboa, docente em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). A seguir, explicamos como diferenciar a preocupação da ansiedade e do estresse e o que fazer para lidar melhor com esses sentimentos.

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Preocupar-se é natural

Segundo Suely Guimarães, doutora em psicologia e pesquisadora na UnB (Universidade de Brasília), a preocupação é a atenção voltada para algo que demanda algum tipo de cuidado para ter uma consequência ou final desejado, ou para evitar algo indesejado. “São respostas naturais, sendo que algumas estão sob controle.”

Portanto, todo indivíduo tem pré-disposição a se preocupar com algo que pode acontecer. É aquele pensamento que não dá trégua com algum possível risco fazendo com que a pessoa se organize e até se previna. No dia a dia, a preocupação normativa não compromete a rotina, pode até causar algum incomodo sem provocar reações físicas.

Como lidar com a preocupação

– Imponha um limite para pensar na questão e depois desse prazo apenas procure redirecionar seus pensamentos para outras situações ou necessidades;

– Ao identificar a preocupação, observe o que pode ser feito para uma solução;

– Anote suas preocupações, afinal, listar tende a acalmar esses pensamentos repetitivos.

Controle a ansiedade

A ansiedade é uma preocupação com o futuro acentuada, que nem sempre faz sentido. “Se acontece em níveis exacerbados, ela pode se tornar patológica. Por isso, há ansiedade comum e o transtorno de ansiedade generalizada”, fala Guimarães.

De acordo com Luciana Siqueira, psiquiatra do Programa de Ansiedade do Ipq do HC-FMUSP (instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a ansiedade é um sentimento desagradável com reações físicas como aperto ou desconforto no peito, coração acelerado, sensação de sufocamento. “Em situações de perigo ou de risco, a mente nos dá esses sinais e interpretamos em algumas circunstâncias a ansiedade como um estado de desequilíbrio emocional.”

Diferentemente da ansiedade normal, adaptativa e protetora, a ansiedade patológica paralisa, deixando o indivíduo suscetível aos agravos emocionais, sociais e físicos. Portanto, uma preocupação excessiva e persistente exige diagnóstico e tratamento. Normalmente esse tipo de ansiedade está associada aos eventos da vida cotidiana e é seguido de sintomas como irritabilidade, tensões musculares, insônia ou sono irregular, comprometendo o funcionamento profissional e/ou social e gerando grande sofrimento psicológico.

Como lidar com a ansiedade:

mid adult woman experiences symptom of shortness of breath

– Diminua estimulantes como cafeína, açúcar e álcool, que podem elevar ainda mais a ansiedade;

– Procure respirar para acalmar e interromper o ciclo de ansiedade;

Busque distrações como uma caminhada, uma música ou uma atividade lúdica para diminuir o episódio de ansiedade;

– Se o problema se tornar patológico, busque por ajuda médica e psicológica.

Gerencie e estresse

Já o estresse é uma resposta orgânica frente a alguma demanda percebida como ameaçadora, podendo causar problemas físicos quando acontece em grau exacerbado. “Implica necessariamente em respostas fisiológicas decorrentes da estimulação do sistema autônomo, que provoca a liberação de hormônios que, em quantidade maior, aumentam a taxa de batimento cardíaco e pressão arterial”, esclarece Guimarães.

O problema é que quando o estresse se torna prolongado, o aumento de seus hormônios, principalmente o cortisol, pode trazer problemas de saúde mental e física como irritabilidade, fadiga, baixa autoestima, queda da imunidade, hipertensão, ganho de peso. Quando chega a esse ponto, é importante buscar ajuda médica e psicológica.

Aliás, é importante reconhecer cada um desses sentimentos para que um não alimente o outro. Porque uma preocupação inicialmente irrelevante pode se tornar um estressor e gerar ansiedade, assim como um estado ansioso elevado pode provocar estresse.

Como lidar com o estresse:

– Faça atividade física regularmente. O exercício estimula a produção de neurotransmissores que relaxam e trazem bem-estar, ajudando a reduzir o nível de estresse no corpo;

– Pratique a aceitação, que implica em viver as situações de maneira adequada, sem a tentativa de confrontar, já que o agente estressor não pode ser removido;

– Aposte em técnicas de relaxamento, respiração diafragmática e meditação, que são muito úteis como auxiliares no manejo do estresse, reduzindo as respostas fisiológicas a ele associadas.

Fonte: htps://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/08/entenda-melhor-a-diferenca-entre-preocupacao-ansiedade-e-estresse.htm

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Nós, seres humanos, somos um poço de contradições e imperfeições. Por mais que a gente se esforce para ampliar a visão de mundo que nos foi contada, não é raro que pensamentos mesquinhos ou invejosos venham nos visitar. De repente somos tomados por sentimentos que se opõem a crenças e princípios, e revelam a dificuldade que é evoluir emocionalmente.

Language play with a stop sign. A declarative against fear.

Quem nunca culpou o outro, mesmo que mentalmente, pelo nosso país nunca dar certo? Ou então acreditou que o motivo do erro de alguém tivesse a ver com a sua raça, classe, gênero, religião ou orientação sexual? E se deixou levar pelo chavão “tinha que ser” e inferiorizou o próximo simplesmente por ele ser diferente de você?

São reações que estão ligadas com desamparo e fragilidade interiores, que causam angústia ao se deparar com aquilo que foge do próprio repertório. Ao culpar ou inferiorizar o outro, de certa forma alivio o incômodo que sinto por ele não se enquadrar aos sistemas de rótulos aos quais estou acostumado.

Muitas vezes são padrões convencionados como ideais na sociedade, a partir de práticas e características que devem ser almejadas e valorizadas por todos. Aqueles que fogem dessa representação hegemônica tida como bem aceita não são dignos da minha humanidade. Desqualifico o próximo para justificar a repulsa que sinto.

Mas de onde surge esse impulso de inferiorizar o outro? O que leva tanta gente a perpetuar desavenças e reproduzir discursos intolerantes e preconceituosos?

De volta ao divã

Para variar, o pai da psicanálise tem explicações para esse ódio, sentimento que experimentamos antes do amor, e um dos mecanismos mais primitivos de discriminação entre o “Eu” e o “Outro”. Freud classificou de “Eu-Prazer” o estágio no qual o sujeito se identifica com tudo aquilo que lhe proporciona satisfação, e projeta tudo o que lhe é desprazeroso no Outro.

“Trata-se de uma vivência ilusória de total autossuficiência, na qual o Outro é interpretado como puro empecilho às satisfações do Eu; empecilho que deveria ser eliminado”, afirma Eduardo de São Thiago Martins, psicanalista e psiquiatra, membro associado da SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo).

A próxima etapa é desenvolver o chamado “bom sentimento de si”, quando todos aqueles que são diferentes do sujeito não precisam mais ser encarados como ameaça à integridade do Eu. Assim surge a noção de alteridade, que identifica e reconhece as diferenças do Outro, e que possibilita aceitar que existem outras origens, outras culturas e outras subjetividades no mundo compartilhado por nós.

Mas nem sempre esse processo é bem-sucedido e pode se prolongar por toda a vida, numa deficiência que costuma ser agravado em situações de adversidade. “É importante ressaltar que o desenvolvimento psíquico do ser humano não se dá de modo linear. Os estágios primitivos ou infantis não ficam para trás conforme modos de defesa mais elaborados são desenvolvidos. Eles seguem latentes no sujeito como núcleos defensivos que podem ser recrutados a qualquer instante”, detalha Martins.

Assim, quando o nosso psiquismo julga que a existência está ameaçada, mais brutal e menos lapidada é a nossa reação.

Normal é ser diferente

Apesar do grande avanço na formação do ser quando há o entendimento de que existem diferenças de identidade e que não se pode ditar todas as regras do mundo, essas experiências de alteridade e coletividade são complexas e exigem muito trabalho psíquico aos indivíduos. Nada mais cômodo do que fechar os olhos para as renúncias que temos que fazer diariamente e sonhar com uma realidade onde as únicas regras existentes são as que nos favorecem.

A solução? Projetar os defeitos e as nocividades no próximo. Criar narrativas para estigmatizar certos grupos e beneficiar outros. Estabelecer marcas de desqualificação para legitimar atos de dominação social e política, como a invasão e tomada de territórios, e a escravização e genocídio de populações. Estabelecer estruturas de poder e superioridade que limitam direitos e mantêm privilégios.

The Discrimination highlighted in a blue toned image.

Ao longo da modernidade, a construção do outro enquanto diferente não teve como base a aceitação e a troca de experiências plurais e diversas, mas surgiu a partir da imposição de marcadores que delimitavam uma única via a ser seguida: a da normalidade. E tudo aquilo que estivesse fora dessa convenção, moldada pela moral e pelos bons costumes, seriam os algozes, culpados e causadores da desordem e do caos social.

“Por isso, estamos acostumados a atribuir a alguns corpos performances sociais marginalizadas como a promiscuidade, criminalidade, baixa intelectualidade, naturalizando o lugar da diferença, e também a discriminação e as desigualdades sociais e raciais”, destaca a psicóloga Veridiana Machado, professora na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e coordenadora da ANPSINEP (Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es)).

A doença reforça que até hoje várias ações e discursos são fundamentados em demarcadores étnicos, culturais, sociais e de gênero, e ainda são vastamente reproduzidos para exaltar o nacionalismo e a supremacia hetero-branca-masculina. “São marcadores de controle usados para subalternizar e desumanizar aqueles que escapam de seus espelhamentos.”

Bode expiatório

Dessa forma, a reação mais comum é a de intolerância com os diferentes e de gratificação ao estar entre os iguais, numa maneira simples de não assumir e nem confrontar as minhas limitações e o receio do próprio Eu em adentrar por regiões desconhecidas que podem amedrontar. Outra saída bastante comum e que vem sendo empregada há séculos é o chamado “bode expiatório”. Funciona com a escolha de alguém ou de um povo para carregar todo o mal que precisamos extirpar, de modo a não sermos atacados.

“Esse comportamento mágico, nocivo por si, infelizmente tende a ser manipulado por figuras que exercem poder e influenciam seguidores, aparentemente racionais em suas alegações, mas basicamente movidos por emoções muito primitivas e exacerbação de ódios. Por isso que o preconceito racial, de gênero, religioso e qualquer outro necessita ser combatido como uma ignorância e despreparo da possibilidade de conviver”, enaltece a psicóloga Liliana Liviano Wahba, analista junguiana e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Usualmente a adesão a essas ideias superficiais e estereotipadas, que não resistem a argumentos, ocorre por meio de uma identificação afetiva, na qual a tonalidade é o ódio e o outro é o meu maior problema. O “bode expiatório” é o culpado pelo caos da cidade, pelo desemprego elevado, pelas dificuldades econômicas e até pela falta de perspectiva dos dias atuais. Curiosamente é durante períodos de escassez de recursos e crise financeira que despontam supostas lideranças dispostas a resolver todos os males, inclusive a corrupção, não por meio de propostas, mas sim pela eliminação daqueles que são os culpados pela desgraça do país ou do mundo.

O psicólogo Fernando Gastal de Castro, professor associado do Instituto de Psicologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), acrescenta que é um discurso muito antigo na nossa sociedade, e retorna de tempos em tempos, principalmente “em momentos de anomia social, de crise das instituições e das relações sociais”. Quando crescem as vulnerabilidades e a desesperança e das relações sociais”. Quando crescem as vulnerabilidades e a desesperança, a identificação do outro como a razão dos meus tormentos ganha força pelo afeto do ódio. “A dificuldade da nossa e de outras nações é justamente criar um modelo social em que caiba todo mundo, onde todos possam dizer ‘minha sociedade’”.

Para Freud, essa necessidade de ter o Outro como inimigo faz parte do chamado “narcisismo da pequena diferença”, no qual o sujeito frágil deixa de pensar por si e se torna um replicante dentro da massa, que se organiza no combate daqueles que estão distantes dos ideais do grupo. “Em outras palavras, falar mal do vizinho pode salvar um almoço em família. Ter um inimigo em comum, alguém para eliminar, mantém os laços entre os indivíduos da organização. Caso contrário, suas próprias pequenas diferenças vêm à tona, dissolvendo o sentimento grupal e expondo o Eu ao seu desamparo constitutivo”, diz Martins.

Respeito às necessidades e especificidades

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O psicanalista acredita que boas experiências de coletividade e de alteridade seriam a melhor forma de buscar a transformação do sujeito narcisicamente ferido, o que seria possível com um governo que atuasse para redução das desigualdades e a garantia das condições de vida fundamentais aos cidadãos (moradia, saúde, educação, segurança, transporte, cultura).

“Assim, o Outro não seria mais encarado como uma ameaça à integridade do Eu, e sim como um colaborador nas diferenças, capaz de lhe estender a mão e de ampliar o repertório de identificações. Quanto mais elaborados forem o ‘sentimento de si’ e o ‘sentimento de pertencimento’, menos sentido farão as fábricas de inimigos.”

Ao não terem acesso aos direitos e serviços básicos, as populações subalternizadas sofrem violência pelas mãos do próprio Estado, e ficam em condições assimétricas com o que se chama de humanidade. Na avaliação da psicóloga Veridiana Machado, é um aluta constante para sobreviver e para enfrentar esse comportamento desumanizador, que já está institucionalizado há anos, e só pode ser enfrentado com a adoção de uma nova proposta ética, estética e política da diferença.

“É atribuir ao outro o olhar da positividade em detrimento da negativação, reconhecer as singularidades daquele corpo como uma multiplicidade de potências, abrir mão da competitividade e da anulação para a coexistência e cooperação, adotando uma postura antitotalitária, de respeito ao próximo e às diversidades.”

Conviver e conhecer o outro é uma das possibilidades de romper com o silenciamento histórico de muitos povos. Permitir que esse sujeito fale e de fato seja escutado abre espaço para que suas histórias, constantemente invisibilizadas, sejam narradas de forma com que também suas existências passem a ser consideradas. A partir dessa interação surge a oportunidade de construir outras narrativas de si, do próximo e do mundo, que expressem outros sentidos e significados numa elaboração consciente e sensibilizada em relação às singularidades de cada um.

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/07/31/por-que-existem-pessoas-intolerantes-psicologia-tem-algumas-explicacoes.htm

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